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Caderno
SAAL - Miragaia

O SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local) foi um programa lançado pelo Governo após a Revolução de Abril de 1974 que tinha como objectivo principal, resolver os graves problemas de habitação em Portugal. Também aqui, em Miragaia (Porto), houve uma intervenção SAAL, mas no entanto nada fora construído. Não existe hoje um resultado físico desse processo.

Este Caderno, resulta da minha estadia por Miragaia durante o ano de 2022. Se por um lado partilho de modo objectivo aquilo que foram as minhas pesquisas, visitas a arquivos, leituras e entrevistas. Por outro lado, reflito de modo indirecto e até abstrato, o como interpretei aquilo e aqueles que fui conhecendo. Afinal de contas, porque continuamos hoje aqui, passados cinquenta anos, sentados à volta de uma mesa para falarmos sobre isto? Que temas e ideias esconde o SAAL Miragaia?

 

O SAAL foi um programa inédito e utópico promovido pelo governo logo após o 25 de Abril de 1974, de apoio à grande parte da população sem condições de habitação. Inédito e utópico porque era descendente do nosso grande momento de revolução, em que durante um período, se acreditou haver condições para mudar a sociedade. No Porto, onde metade da população vivia em ilhas - casas sobrelotadas nos logradouros e sem as condições mínimas de higiene, segurança e privacidade; surgindo a possibilidade de uma intervenção do SAAL, organizaram-se as comissões e associações de moradores. Os moradores, que apesar das condições em que viviam, não queriam na sua maioria deixar os bairros onde tinham crescido e vivido, chamavam os estudantes de arquitectura e eram estes, que escolhiam os arquitectos com quem queriam trabalhar.

 

Ao SAAL, por ser inédito e utópico, rapidamente se apressaram a condicioná-lo, passando a gestão para as autarquias. E se em algumas áreas do país pouco mudou, para o SAAL Norte, que funcionava numa lógica comum gerida por uma comissão coordenadora, e que dependia em grande parte da relação que os estudantes e arquitectos tinham ganho ao longo dos anos no terreno com as associações e com os moradores, essa mudança de procedimentos foi fatal. Desde o decreto que deu início ao SAAL, àquele que o viria a condenar, passou um ano e meio.

 

A freguesia de Miragaia aparece neste contexto como um caso bastante interessante por diversos factores: apesar de ser uma operação inserida no SAAL Norte, ainda assim se diferenciava bastante das demais, como São Victor, Bairro do Leal, Bouça ou Antas, porque o território que abrangia, para além de mais vasto, não se inseria no esquema das casas-ilha nos logradouros tornando-se portanto um caso de excepção onde dificilmente se  poderiam adoptar  as mesmas metodologias das outras operações; a escolha directa do arquitecto Fernando Távora para liderar a brigada técnica do SAAL, o que anunciava da parte da comissão coordenadora, o encontro de condições difíceis de resolver; por se tratar da intervenção mais ambiciosa do SAAL Norte, no que diz respeito ao número previsto de fogos a construir na operação - cerca de 900; e no final, apesar de todas as ambições, esperanças, vontades e trabalho, nada foi construído terminando deste modo, à semelhança do próprio SAAL, antes de começar.

Índice
ANTES 1940-1974

DURANTE 1974-1975

DEPOIS 1975-1980

AGORA

 

Coordenação · Ricardo Medina

Apoio e Logística · Maria Manada

Coprodução · Cultura em Expansão / Câmara Municipal do Porto

Edição · Confederação

Data · 2023 (Julho)

Design · Studio Macedo Cannatà
Desenho (capa e contracapa) · Von Calhau!
Páginas · 80 páginas

Formato · 20 x 28 cm

Impressão · Offset

PVP · 0€

(Envio via CTT para Portugal Continental e Ilhas 6.00€)


 

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