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Teatro

Ver também:
 

Revista 1
O Homem-Realejo... exploração e de interpretação do estar aquém-mundo

Um pequena nota antes da existência de Sinopse
Conhece Drummond de Andrade? pois este homem é dele.
Conhece João César Monteiro? pois a menina Custódia é dele.
Conhece Machado de Assis? pois a grande teoria é dele.
Conhece Fernando Pessoa? pois o Fernando Pessoa é nosso.
Conhece Eugéne Ionesco? pois ele é de quem o compreender.
Conhece Cervantes? pois sabia que ele já fez a introdução de um livro utilizando tão somente referências de outros. E esta, esta é uma argumentação de notas de rodapé e o texto, o texto que se refere é de si uma sensaboria decadentista sobre o fim de tudo isto PONTO

 

Estreia

13 a 15 de Junho de 2012, Auditório do Grupo Musical de Miragaia (Porto)


Espectáculo · Confederação – colectivo de investigação teatral

Amadores Dramáticos · Gonçalo Valves (Rudolfo), Henrique Apolinário (Bombeiro e Estrelas convidadas a Assistir), Ricardo Soares (Sr. João), Rosário Melo (Inocência), Soraia Sousa (Custódia), Susana Gomes (Ludovina), Gonçalo Tato (Sebastião)

Encenação · Miguel Ramos

Usurpação textual · MiRo

Assistência de Encenação · Rosário Melo

Cenografia · Carlos Neves

Apoio à Cenografia e Figurinos · Daniela Castro e Mariana Sales

Figurinos · Confederação

Iluminotécnico · Baltasar Dàmico

Cartaz · Alfredo Sapateiro, com supervisão de Maria João Macedo

Vídeo e Fotografia · Ricardo Soares

Assistência aos Ensaios · Ruben Estrela

Produção · Confederação

Direcção de Produção · Isalinda Santos

Apoio à Produção · Rosário Melo

Co-produção · CCOP

Apoios · Alda & Miguel – married fresh 

Agradecimentos · Avó Adelina Couto, Armandina Neves, Associação de Protecção à Infância Bispo D. António Barroso, Bombeiros Voluntários de Lourosa, José Melo, Miguel Ângelo, Rosa Ramos, Rua do Sol, Sr.Campinho, Veira Alfaiate…
Duração psicológica aprox · [n/a]

Duração aprox · 1h10min

Classificação étaria · + de 2 votos em eleições democráticas

Lotação limitada · aprox 60 pax

Digressões

12 de Setembro de 2015 às 21h30, Mosteiro de Bouro
17 de Setembro a 3 de Outubro 2015 às 22h00, Salão de Festas do CCOP

Sobre a Série Revista

por Eurico, o refinador (Porto, Setembro 2015)

O teatro de revista chegou a Portugal (Lisboa), em meados do século XIX, estimando-se que a primeira Revista do Ano tenha sido estreada em 1851, escrita por Latino Coelho (1825-1891) e Francisco Palha (1826-1890) e apresentada no Teatro Ginásio com o nome Lisboa em 1850. Segundo Luiz Francisco Rebello, ensaísta e investigador, essa noite de 11 de Janeiro de 1851 viu nascer a Revista à Portuguesa.

 Mas esse género teatral surge, tanto quanto se sabe – que isto de conhecimentos teatrais, não ponho a mão por nada – em Paris, nos finais do século XVIII, inserido num outro género, o Vaudeville. O objetivo deste tipo de espetáculo era recordar e criticar os acontecimentos mais marcantes do ano que findava, através de quadros onde havia canto, dança e declamação. Pensa-se que esta forma teatral tenha surgido para fazer frente ao monopólio do Teatro estatal Francês (temos que acreditar em alguma coisa).

 Recuando um pouco mais, alguns afirmam que foi no primeiro quartel do século XVIII que atores italianos, descendentes dos commici dell’arte levaram à cena as primeira revistas nos teatros de feira de Paris. Eles propunham, já então, uma revisão burlesca, (a intenção crítica viria depois) de acontecimentos recortados dos doze meses do ano transato. A Revista visava apenas divertir, e é essa finalidade, que a mesma sempre reivindicou e que, mesmo quando não era exclusiva, nunca deixaria de ser predominante.

Pode-se dizer, e como já o ouvi de outras bocas, A Revista está para a arte dramática como o jornalismo para a literatura: ambos se nutrem de atualidade imediata e, consumindo-a, nela se consomem. Mas assim como há artigos, crónicas, reportagens que pelo interesse do tema, pela forma da sua abordagem ou pelo rigor do estilo, sobrevivem à transitoriedade do jornal onde foram inicialmente publicados (viva Eça de Queirós), assim também numa rábula ou num quadro de revista, nos versos de uma canção, podem encontrar-se, e de facto encontram-se, lampejos de autêntica invenção dramática, acentos de genuína poesia.

 Nesta Revista 1: O Homem-Realejo, começada a escrever em 2011 toda esta ideia de urgência poderá cair por terra em 2015.

A primeira versão que este texto conheceu foi partilhada em Abril de 2012 no Auditório do Grupo Musical de Miragaia, à época, sede da Confederação. Como o texto Varieté, também este ficou nos nossos planos um dia voltar a ele, repensá-lo e, sem dúvida, reescreve-lo. À época ficamos satisfeitos com a forma daquele objeto/espetáculo que nos causava estranheza, mas havia algo que ainda nos não pertencia.

Em 2012 trabalhamos com um elenco bastante curioso. O Zézinho, pessoa especial, guardião do Café do Grupo Musical de Miragaia, e feitor de pataniscas – Mas agora, Zé, como tu não estás, achamos por bem que a tua personagem, que a ti pertencia, já não aparecesse em 2015. Faz parte de um momento bom e a ele pertence. A parte musical ficou a cargo do Cantos e Variações, um grupo coordenado pela guitarra portuguesa de Ângelo Correia. Agora em 2015, o Ângelo está casado. Largou esta Revista, e por ironia de um destino, a que hoje é Ludovina, chama-se Susana e é sua esposa. É a primeira vez que ela sobe a um palco para brincar ao teatro.

Do elenco de 2012 nos fica a Rosário Melo, que passou de Ludovina a Inocência. A Mayra Ronda, o Vasco Temudo, a Vânia Pereira, o Roberto Terra, que tanto deram a uma primeira versão, não estão connosco em 2015, o Adão Reis abraçou a pedagogia e não pôde entrar nesta nova caminhada, e o Miguel Ramos finalmente percebeu que o seu lugar não é o palco, limitando-se à encenação desta nova versão. Este novo elenco é composto por um mui jovem grupo. Atores saídos da ESMAE entre 2014 e 2015, que a partir das suas questões e modus de cena, levaram a que todo um texto fosse reescrito. Duplicamos personagens, passamos texto de umas bocas para outras. Musicalmente ousamos o violino, muito se devendo ao Henrique Apolinário, que ensaio após ensaios foi desbravando caminho. Gonçalo Valves, Ricardo Soares e Soraia Sousa, um trio tragicómico que nos dá aquelas personagens profundamente triste e sós, e nós rimo-nos disso. Personagens que não têm nada para dizer, e querem frequentemente comunicar isso mesmo. E alguns de vós conseguirão ver lá nos fundos o Gonçalo Tato, ator da Companhia de Teatro Juvenil do Porto.

 Eu, Eurico, de tudo fiz para pensar/escrever uma Sinopse sobre esta imensa tragedia citadina. Não encontro definição possível para esta Custódia, bela, inocente e não frágil. Entendo que o Sr. Bombeiro anda em busca de algo que lhe escapa. Mas… certo dia, um certo Homem deu em desconhecido. E isso é algo que trago cá nos fundilhos do pensamento. Mas você, caro espectador, não tem culpa que a vida seja como ela é. Pouco amor é amor nenhum. Portanto, o que nos deverá importar no meio de tudo isto são os Atos, mais que os sentimentos. É a alma que está em questão.                     

 E como dizíamos, neste término de texto em 2012, na Revista 1: O Homem-Realejo, cabe a cadeira que já ousou ser lixo e agora é cenografia, alguns/muitos objetos que pertenceram a espetáculos anteriores da Confederação, as palavras de outros que por momentos faremos nossas, a alma de gentes convidadas, e mais uns verdadeiros Revisteiros capazes de se comoverem a si mesmos, e conscientes de que se este engarrafamento os perturba, é porque também estão nele, e por consequência, também são engarrafadores.
 

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